exercício com verbalizações

exercício com verbalizações
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes nem a oração de cada instante. É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz,
o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco, pois o resto não nos pertence.
Cecilia Meireles

terça-feira, 18 de março de 2008

Em homenagem ao meu, ao nosso período mensal feminino.

" Para os meus olhos quando chorarem,
terem belezas mansas de brumas,
que na penumbra se evaporam...
Para os meus olhos quando chorarem,
terem doçuras de auras e plumas...
E as noites mudas de desencanto
se constelarem, se iluminarem
com os astros mortos que vêm no pranto...
As noites mudas de desencanto...
Para os meus olhos, quando chorarem...
terem divinas solicitudes
pelos que mais os sadrificarem...
Para os meus olhos quando chorarem
Verterem flores sobre os palures...
Para que os olhos dos pecadores
que os humilharem, que os maltratarem
tenham carinhos consoladores,
se, em qualquer noite de ânsias e dores,
os olhos tristes dos pecadores
para os meus olhos se levantarem...
(para mim mesma)"
Cecília Meirelles

Martha Paiva

Nenhum comentário: